A importância do empowerment do utente na gestão do processo terapêutico

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Publicado em:
29 Março, 2021

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A importância do empowerment do utente na gestão do processo terapêutico

No contexto em que a sociedade se depara atualmente, torna-se vital trazer para discussão a importância do empowerment do utente e da sua família na adesão e gestão do seu processo terapêutico.

O empowerment ou empoderamento pode-se definir como sendo um processo que visa a aquisição, por parte do utente, de um maior poder e controlo sobre a sua vida, proporcionando um aumento do nível de conhecimentos  que lhe vai permitir uma melhor tomada de decisão e a participação efetiva e comprometida no seu projeto de saúde.(1) Este é um modo de atuação que se torna uma poderosa arma a ser utilizada pelos profissionais de saúde como meio de promoção da relação terapêutica.

Por força da conjetura atual, na organização e gestão dos cuidados dos utentes, estes são tidos como um elemento passivo e os profissionais de saúde tendem a adquirir uma posição de total responsabilização e orientação do processo terapêutico, não havendo espaço para o envolvimento do utente na tomada de decisão. Esta é uma postura que pode levar à não adesão do utente à sua condição e consequente agravamento do seu estado geral.

Torna-se então de extrema importância atuar no sentido de minimizar esta diferença de poder e conhecimentos no binómio utente/profissional de saúde, criando estratégias conjuntas e exequíveis para ambos os intervenientes da relação terapêutica.

O processo terapêutico

Para que o processo terapêutico seja o mais adequado e vantajoso possível, é essencial que o profissional de saúde tenha sempre em conta a posição de desvantagem que o utente sente perante a situação de doença.

Desta forma o profissional de saúde deve ser capaz de incutir, de forma empática,  ao utente o papel central no seu processo de tratamento, promovendo a sua autodeterminação e responsabilização, tornando-o capaz de gerir e controlar o melhor possível a sua condição. A esta abordagem chamamos ”cuidados centrados na pessoa”. 

Estas ações devem ser sempre adaptadas e especificas à pessoa em questão, sendo essencial adequar a linguagem, estratégias e ações ao nível cognitivo-comportamental  e de comprometimento.

As principais competências/ações que facilitam e promovem esta relação entre o utente e o profissional de saúde são:

  • O desenvolvimento de uma parceria com a pessoa, respeitando as suas crenças e valores;
  • Assegurar, sempre que possível, as preferências da pessoa neste processo de atuação conjunta;
  • Promover as escolhas e responder às ideias, expetativas e preocupações dos nossos utentes;
  • Apresentar, sempre que possível, evidência cientifica, que ajude a pessoa a refletir e avaliar o impacto das suas decisões na gestão do seu processo terapêutico, promovendo ganhos em saúde.(2)

O grande desafio que os profissionais de saúde enfrentam é fazer a gestão e integração da pessoa sem nunca esquecer o meio em que estão integrados. O profissional deve procurar a  satisfação das necessidades do seu utente, como meio de contribuir para o bem-estar e melhor estado de saúde quanto possível, salvaguardando os princípios éticos e balizar a sua atuação na evidência científica mais recente.  

Em suma, utentes motivados e integrados, vão ser os primeiros a querer fazer sempre mais para melhorar a sua condição e consequentemente serão os melhores decisores do seu projeto de saúde!

Autora

Rita Sousa, Enfermeira (90036) na Unidades do CMM-Centro Médico da Murtosa

Revisão da Literatura

1. Pereira, M. (2010). A Importância atribuída pelos enfermeiros ao empowerment do doente na relação terapêutica enfermeiro/doente. Lisboa

2. Ramos, A. (2001). Empoderamento em Saúde: Papel do Enfermeiro. The internet journal of healthcare administration, volume 1, 26-31

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