Birras? E agora!?

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Publicado em:
7 Agosto, 2019

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As birras na primeira infância são uma manifestação característica do normal funcionamento cognitivo. A ausência das mesmas é um sinal de alarme, sugerindo dificuldades a nível do processo de separação/individualização (Queirós et al., 2003).

As birras surgem sobretudo em crianças entre os 18-48 meses, tendo o seu pico entre os 2 – 3 anos, sendo que cerca de 20% das crianças fazem birra pelo menos uma vez por dia e 50-80% pelo menos uma birra por semana, com semelhança entre os sexos. Estas por norma coincidem com a altura em que a criança está a adquirir autonomia e a tentar dominar o meio ambiente (Gouveia, 2009).É necessário ter em conta que, as birras excessivas, acompanham-se geralmente de outras perturbações do neurodesenvolvimento e comportamento, necessitando de acompanhamento especializado (Gouveia, 2009).

As birras, por mais desadequadas que sejam, não passam de uma forma de a criança tentar comunicar o que quer. E muitas vezes persistem porque os pais cedem e a criança entende que se fizer birra tem o que quer.


Algumas estratégias para minimizar as birras:
1. Manter o seu próprio controlo emocional é fundamental para lidar de forma racional com a birra que está a acontecer. Tente lembrar-se de que não é uma forma de o irritar nem desafiar, é apenas uma forma do seu filho/a manifestar o que pretende, só que ainda não consegue regular o seu comportamento sozinho.


2. Imponha as regras de forma clara, assertiva e sem hesitações. Evite entrar em argumentação ou negociação com a criança durante a birra. A explicação dos motivos deve ser realizada posteriormente.


3. Aplicar corretamente a estratégia do Time-out: Consiste numa estratégia comportamental que tem como objetivo ajudar a criança a controlar-se internamente e a refletir as suas ações sozinha.Deve-se retirar a criança do local onde ocorreu o comportamento errado e levá-la para outro sítio onde ficará sozinha durante alguns minutos, sem distrações e em segurança. Durante esse período (por ex. 1 minuto por cada ano de vida da criança), o adulto não deve falar-lhe nem dar-lhe atenção, até que a criança esteja mais calma.É importante ser claro a explicar antecipadamente quais os comportamentos que conduzem a um Time-out;Deve manter a consistência ao introduzir estes períodos de Time-out, apesar do cansaço e saturação que possa sentir;É ainda fundamental que, após o Time-out, a criança volte à tarefa que estava a fazer anteriormente para evitar que este seja usado como uma forma de fugir às tarefas.


4. Quando um mau comportamento é persistente: Utilização de um Quadro de Desempenho (elabore um calendário semanal e afixe-o na porta do frigorífico. Atribua, diariamente, um símbolo ao comportamento da criança (por exemplo, usando o sol, a nuvem e a chuva ou até figuras dos desenhos animados que a criança goste – os vilões e os heróis -). Defina, e explique claramente, o que espera do comportamento do seu filho. É essencial definir um esquema de castigos e recompensas justo e consistente que será implementado no fim da semana, conforme os resultados desse quadro.


5. Para evitar a continuidade ou surgimento de comportamentos desadequados, deve manifestar uma atenção positiva para um comportamento positivo, ou seja quando a criança se está a comportar de forma adequada deve-se reforçar esse comportamento e elogiá-lo, para que possa distinguir o certo do errado.


Acima de tudo, é fundamental que os pais sejam consistentes, firmes e saibam estabelecer limites ao mesmo tempo que dialogam com os filhos, expliquem o porquê das suas regras e compreendam as suas emoções. É importante que um “sim” e um “não” sejam cumpridos e levados até ao fim.Deve-se ter em atenção que, muitas vezes, os pais não se apercebem de que, nas birras, as crianças imitam muitas vezes reações de descontrolo que os próprios pais têm (por exemplo, gritar, dizer palavrões, ser agressivo fisicamente…) e, por isso, devem tentar evitar reagir às birras com agressividade, pois a criança vai aprender a reagir dessa forma também, assim é crucial manter o controlo emocional e comportamental.Ressalvo que cada criança está num contexto de vida particular e segue ritmos diferentes. Logo, é importante conhecer bem seu filho/a para “filtrar” que recursos podem ser melhores que outros.


Caso necessite de acompanhamento mais especializado, tanto para modular o comportamento (birras excessivas que podem estar associadas a determinadas patologias) como para o ensino de estratégias que possa utilizar, pode procurar-nos, nas valências de Terapia Ocupacional e Psicologia nas Clínicas do CMM.


Autora:
Diana Fernandes, Terapeuta Ocupacional (C-050198181).