Dia Mundial da Escrita à Mão

Autor

Publicado em:
23 Janeiro, 2020

Faça o seu pedido de consultas com Diana Fernandes

Dia Mundial da Escrita à Mão

A escrita à mão

Apesar de vivermos numa era de grande evolução tecnológica, o uso da escrita manual continua a ser importante na nossa sociedade, seja para assinar um documento, passar num teste ou fazer a lista para o supermercado, por isso a sua correta aprendizagem torna-se importante para as nossas crianças.

A escrita à mão é das atividades mais complexas da função manual e é indispensável para a aprendizagem e, consequente, sucesso escolar.

O desenvolvimento da escrita à mão

O desenvolvimento da escrita não começa quando se chega à idade escolar e se coloca um lápis na mão para começar a desenhar letras, mas sim durante a infância, onde se desenvolve a motricidade fina, indispensável para o sucesso nesta tarefa (Gerde, Skibbe et al., 2012).

A motricidade fina desenvolve-se através do brincar com diferentes texturas, diferentes tamanhos, em brincadeiras que envolvem a construção, pintura com dedos, entre outros.

Défices na motricidade fina são frequentemente associados a dificuldades na escrita manual (Smits-Englesman, Niemeijer, & van Galen, 2001) e correlacionam-se com a prevalência de erros ortográficos (Feder & Majnemer, 2007). A escrita manual continua a ser um dos principais motivos de sinalização da criança para acompanhamento em Terapia Ocupacional em idade escolar (Case-Smith, Holland, Lane, & White, 2012) (Cramm & Egan, 2015).

A escrita manual envolve ainda coordenação olho-mão (visuo-motora) e bilateral, planeamento e controlo motor, percepção visual e organização visuo-espacial, cognição, integração sensorial, especialmente os sentidos do tacto, vestibular e proprioceptivo (Case-Smith&Schneck, 2015) (Feder & Majnemer, 2007) (Aimee Piller & Elizabeth Torrez, 2019).

Assim, para que a sua criança consiga escrever com sucesso é necessário que consiga manter uma postura adequada na cadeira e em relação à secretária, tenha consciência da posição do seu corpo e movimentos, apresente capacidade de segurar na folha com uma mão e segurar no lápis na outra, consiga coordenar a visão com o movimento da mão, apresente motricidade fina para conseguir segurar o lápis de forma correta (em tríade), destreza manual para conseguir executar diferentes movimentos específicos da escrita, consiga aplicar força adequada no lápis e ainda memória para que se recorde da imagem mental da letra que irá escrever.

A intervenção da Terapia Ocupacional

Consegue-se compreender a complexidade inerente à escrita manual e por isso, quando surgem dificuldades neste campo devem ser sinalizados para acompanhamento por um Terapeuta Ocupacional, o profissional da área de saúde mais capacitado para avaliar e intervir na criança que revela défices ou atraso nas competências de escrita.

A literatura diz-nos que crianças que foram acompanhadas em Terapia Ocupacional demonstraram melhorias significativas nas suas competências de escrita (Case-Smith et al., 2012) (Aimee Piller & Elizabeth Torrez, 2019)(Kadar, Yunus, Tan, Chai, Razab, & Kasim, 2019).
Os Terapeutas Ocupacionais são capazes de identificar questões subjacentes que contribuem para as dificuldades na escrita e tratar adequadamente as áreas de disfunção (Case-Smith & Schneck, 2015) (Kadar, Yunus, Tan, Chai, Razab, & Kasim, 2019).

Na intervenção de dificuldades na escrita à mão, a Terapia Ocupacional utiliza abordagens variadas desde abordagens cognitivas, motoras a multissensoriais, bem como as abordagens de prática terapêutica e de tarefa orientada. (Howe et al., 2012) (Hoy et al., 2011) (Klein, Guiltner, Sollereder, & Cui, 2010) (Zylstra & Pfeiffer, 2016) (Aimee Piller & Elizabeth Torrez, 2019).

Estejam atentos aos sinais das crianças que vos rodeiam, e se se aperceberem de alguma dificuldade ou atraso neste campo, não hesitem em contactar as unidades clínicas CMM, onde a sua criança terá o melhor acompanhamento especializado e direcionado às necessidades de cada caso.

Autora:

Diana Fernandes, Terapeuta Ocupacional (CP C-050198181).

Revisão da Literatura

Aimee Piller & Elizabeth Torrez (2019). Defining Occupational Therapy Interventions for Children with Fine Motor and Handwriting Difficulties, Journal of Occupational Therapy, Schools, & Early Intervention, DOI: 10.1080/19411243.2019.1592053.

Case-Smith, J., & Schneck, C. M. (2015). Prewriting and handwriting skills. In J. Case-Smith & J. C. O’Brien (Eds.), Occupational therapy for children and adolescents (7th ed., pp. 498–524). St. Louis, MO: Elsevier Mosby.

Case-Smith, J., Holland, T., Lane, A., & White, S. (2012). Effect of a coteaching handwriting program for first graders: One-group pretest-posttest design. American Journal of Occupational Therapy, 66(4), 396–405. doi:10.5014/ajot.2012.004333.

Cramm, H., & Egan, M. (2015). Practice patterns of school-based occupational therapists targeting handwriting: A knowledge-to-practice gap. Journal of Occupational Therapy, Schools, & Early Intervention, 8(2), 170–179. doi:10.1080/19411243.2015.104094.

Feder, K. P., & Majnemer, A. (2007). Handwriting development, competency, and intervention. Developmental Medicine & Child Neurology, 49(60), 312 – 317.doi:10.1111/j.1469.8749.2007.00312x.

Gerde, H. K., Skibbe, L. E., Bowles, R. P., & Martoccio, T. L. (2012). Child and home predictors of children’s name writing. Child Development Research, 20(12), 1-12.doi:10.1155/2012/748532.

Howe, T. H., Roston, K. L., Sheu, C. F., & Hinojosa, J. (2012). Assessing handwriting intervention effectiveness in elementary school children: a two-group controlled study. American Journal Of Occupational Therapy, 67(1), 19–26. doi:10.5014/ajot.2013.005470.

Hoy, M. M. P., Egan, M. Y., & Feder, K. P. (2011). A systematic review of interventions to improve handwriting. Canadian Journal of Occupational Therapy, 78(1), 13–25. doi:10.2182/cjot.2011.78.1.3.

Klein, S., Guiltner, V., Sollereder, P., & Cui, Y. (2010). Relationships between fine-motor, visual-motor, and visual perception scores and handwriting legibility and speed. Physical & Occupational Therapy in Pediatrics, 31(1), 103–114. doi:10.3109/01942638.2010.541753.

Smits-Englesman, B. C. M., Niemeijer, A. S., & van Galen, G. P. (2001). Fine motor deficiencies in children diagnosed as DCD based on poor grapho motor ability. Human Movement Science, 20 (1–2), 161–182. doi:10.1016/S0167-9457(01)00033-1.

Kadar, M., Yunus, F. W., Tan, E., Chai, S. C., Razab, N. A., & Kasim, D. H. (2019). A systematic review of occupational therapy intervention for handwriting skills in 4–6 year old children. Australian Occupational Therapy Journal , 1-10.

Zylstra, S. E., & Pfeiffer, B. (2016). Effectiveness of a handwriting intervention with at-risk Kindergarteners. American Journal of Occupational Therapy, 70(3), 7003220020p1. doi:10.5014/ajot.2016.018820.