Impacto do BiPAP e CPAP na Auto-Imagem e Relações Interpessoais do Utilizador

Impacto do BiPAP e CPAP na Auto-Imagem e Relações Interpessoais do Utilizador

Palavras-chave: BiPAP; CPAP; DPOC; Apneia; Doença Pulmonar Crónica.

O uso de dispositivos BiPAP e CPAP é essencial para a saúde respiratória, especialmente em síndromes respiratórios obstrutivos. A maioria das pessoas desconhece esta terapêutica até necessitar da sua utilização.

Os dispositivos BiPAP e CPAP são usados em diversas condições e patologias, sendo a apneia do sono a causa mais comum para o seu uso no domicílio. No entanto, apesar dos benefícios significativos para a saúde do utilizador, estes aparelhos podem impactar negativamente a autoimagem, intimidade, sexualidade e socialização, devido à aplicação direta na face durante os períodos de uso.

Desafios Associados ao Uso de BiPAP e CPAP

Alteração na Perceção de Si Mesmo:
A utilização da máscara (BiPAP/CPAP) pode afetar a autoestima e a sensação de normalidade. A necessidade de alterar a imagem facial, como cortar o bigode ou a barba, para uma melhor adaptação da máscara, pode impactar a autoimagem e a socialização. Além disso, a possibilidade de desenvolvimento de úlceras de pressão na face também afeta a autoestima.

Sentimento de Vulnerabilidade:
O uso noturno das máscaras pode provocar sentimentos de vulnerabilidade, dependência e desconforto. Muitos utentes sentem-se dependentes do dispositivo para estabilidade e segurança, o que pode levar ao afastamento de atividades de lazer e socialização.

Desconforto:
O desconforto causado pelo dispositivo pode, em alguns casos, resultar em lesões, como úlceras de pressão na face. A má adaptação da máscara e a calibração incorreta podem provocar alterações na pressão de ar, causando desconforto.

Comprometimento das Relações e Intimidade:
O uso do dispositivo pode afetar a intimidade do casal, sendo considerado um “quebra-clima” e desincentivando investidas por parte do parceiro. Muitos utentes relatam sentir-se diminuídos na sua dignidade, afetando a autoestima e as relações.

Estes desafios são frequentemente negligenciados pelos profissionais de saúde, mas têm um impacto significativo na vida social, familiar e na autoestima dos utilizadores. Estas dificuldades podem interferir na adesão terapêutica e na reabilitação de outros sistemas orgânicos.

Estratégias para Minimizar o Impacto Negativo

1. Educação e Informação:

  • Explicar a importância do dispositivo na saúde: Detalhar como o BiPAP ou CPAP melhora a saúde e a qualidade de vida pode ajudar o utente a ver o dispositivo de forma positiva.
  • Treinar: Ensinar o uso correto e a manutenção do dispositivo, mostrando como ajustá-lo para maior conforto.

2. Suporte Emocional:

  • Escutar ativamente: Oferecer um espaço seguro para que os utentes expressem as suas preocupações e sentimentos.
  • Validar Sentimentos: Reconhecer que sentimentos de vulnerabilidade e autoimagem alterada são comuns e normais.

3. Apoio Prático:

  • Ajustes Personalizados: Ajudar o utente a encontrar o tipo e o ajuste de máscara mais confortável e menos intrusivo.
  • Conforto Físico: Oferecer soluções para minimizar desconfortos, como irritações na pele e feridas.

4. Encorajamento e Motivação:

  • Reforçar os benefícios: Lembrar regularmente os utentes dos benefícios significativos dos dispositivos, como a melhoria na qualidade do sono e na energia diária.
  • Partilhar Experiências e Sucessos: Contar histórias de outros utentes que se adaptaram com sucesso ao uso dos dispositivos.

5. Suporte Comunitário:

  • Grupos de Apoio: Incentivar a participação em grupos onde utentes podem partilhar experiências e dicas.
  • Recursos Online: Fornecer informações sobre recursos online e fóruns onde os utentes podem encontrar suporte e aconselhamento.

6. Cuidados Personalizados:

  • Plano Individualizado: Desenvolver um plano de cuidados que atenda às necessidades específicas do utente.
  • Monitorização Contínua: Realizar acompanhamento regular para garantir que o utente se está a adaptar bem.

7. Acompanhamento Multidisciplinar:

  • Direcionar: Encaminhar o utente para apoio especializado quando necessário, como psicoterapia e fisioterapia respiratória.

Ao adotar estas estratégias, os Enfermeiros ajudam os utentes a sentirem-se mais confortáveis e confiantes no uso de BiPAP e CPAP, promovendo a adesão terapêutica e prevenindo complicações futuras.

Perguntas Frequentes (FAQs):

Quais as principais queixas dos utentes utilizadores de BiPAP e CPAP?

  • Alteração na Perceção de Si Mesmo
  • Comprometimento da Autoestima
  • Impacto nas Relações Sociais e Afetivas
  • Desconforto
  • Sentimento de Vulnerabilidade e Dependência

De que forma podemos minimizar o impacto negativo dos dispositivos na vida do utente?

  • Educação: Informar e treinar sobre o uso correto.
  • Suporte Emocional: Ouvir e validar sentimentos.
  • Apoio Prático: Ajustes e conforto físico.
  • Encorajamento: Reforçar os benefícios.
  • Suporte Comunitário: Incentivar grupos de apoio.
  • Cuidados Personalizados: Plano individualizado e acompanhamento contínuo.
  • Acompanhamento Multidisciplinar

Bibliografia sugerida:
1. Sales, C.B., Bernardes, A., Gabriel, C.S., Brito, M.F., Moura, A.A., & Zanetti, B. (2018). Protocolos operacionais padrão na prática profissional da enfermagem: Utilização, fragilidades e potencialidades. Revista Brasileira de Enfermagem, 71(1), 138-146.
2. Fernandes, L. (2012). Indicações e limites da ventilação mecânica não invasiva. In, J. Moita & C. L. Santos (Eds.), Manual de ventilação mecânica não invasiva (pp.16-22). Publicações Ciência & Vida.

Autora
Enfermeira Rita Carolina Martins (CP 90590)

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