Incontinência urinária: Tipos mais comuns, fatores de risco e tratamento.
A incontinência urinária é definida pela perda involuntária de urina e pode ocorrer em pessoas de várias idades (mulheres, homens e crianças). Este é um problema que afeta significativamente a qualidade de vida, levando a constrangimento, isolamento social e até a depressão.
As mulheres são as mais afetadas por esta disfunção. Atualmente, 33% das mulheres e 16% dos homens, com mais de 40 anos têm sintomas, segundo dados da Associação Portuguesa de Urologia. Segundo a mesma fonte, a incontinência urinária afeta mais de meio milhão de portugueses, mas apenas 10% recorre a profissionais de saúde na tentativa de resolver o problema.
Tipos de incontinência urinária
Existem vários tipos de incontinência urinária:
Incontinência de Esforço:
Perda de urina durante atividades que aumentam a pressão intra-abdominal, como espirrar, tossir, rir, correr ou levantar objetos pesados. Isto acontece porque a pressão abdominal é mais forte do que a pressão de encerramento do esfíncter uretral, o qual não consegue reter a urina durante o aumento da pressão.
Incontinência de Urgência:
Perda involuntária de urina associada a uma súbita e intensa necessidade de urinar.
Incontinência Mista:
Combinação de sintomas de incontinência de esforço e de urgência.
Incontinência por Extravasamento:
Ocorre quando a quantidade de urina excede a capacidade da bexiga, levando a frequentes perdas de urina, sem que a pessoa tenha sentido vontade de urinar previamente.
Retenção Urinária:
Incapacidade de esvaziar a bexiga completamente, o que pode resultar em perdas de urina frequentes.
Incontinência Funcional:
Este tipo de incontinência ocorre quando a pessoa, depois de reconhecer a necessidade de urinar, não tem capacidade de chegar a tempo à casa de banho, por mobilidade limitada ou doença neurológica que a impeça de planear essa ação de forma estruturada.
Incontinência Pós-miccional:
Perda de pequena quantidade de urina que acontece quando se levanta da sanita, após urinar.
Noctúria:
Vontade de urinar frequente que acontece durante a noite e faz com que a pessoa tenha que interromper seu sono, diversas vezes, por necessidade de urinar. É um problema comum com o avançar da idade.
Enurese Nocturna:
Perdas repetidas de urina durante o sono, pelo menos duas vezes por semana, durante três meses consecutivos, em crianças com mais de cinco anos. Pode estar relacionado com alterações emocionais ou comportamentais.
Fatores de Risco
Os fatores de risco mais comuns são:
- Predisposição genética;
- Envelhecimento;
- Sexo feminino (devido a gravidez, parto e menopausa);
- Excesso de peso e obesidade;
- Hábitos tabágicos;
- Obstipação;
- Outras condições clínicas, tais como diabetes, doenças neurológicas e cirurgias pélvicas (por exemplo, histerectomia), entre outras.
Prevenção
Para evitar incontinência urinária é importante:
- Manter uma ingestão de líquidos adequada;
- Ter uma alimentação saudável;
- Controlar o peso;
- Mudar ou ajustar hábitos de urinários e defecatórios;
- Respeitar a vontade de urinar e defecar e NÃO adiar as idas à casa de banho;
- Esvaziar completamente a bexiga;
- Evitar a obstipação;
- Treinar os músculos do pavimento pélvico sob orientação de um Fisioterapeuta especialista em Saúde Pélvica.
Importância da Fisioterapia Pélvica como forma de tratamento
Estudos recentes destacam a eficácia da Fisioterapia Pélvica como uma intervenção de primeira linha para o tratamento da incontinência urinária, com resultados positivos a longo prazo. Esta especialidade da Fisioterapia dispõe de exercícios específicos para restabelecer ou melhorar a função dos músculos do pavimento pélvico, contribuindo para o controlo da bexiga e do esfíncter uretral. A par disto, o(a) Fisioterapeuta Pélvico(a) atua na educação do paciente, ensinando-lhe técnicas corretas de esvaziamento da bexiga, hábitos saudáveis de micção e estratégias para melhorar o desconforto associado à incontinência urinária.
Em jeito de conclusão, é importante esclarecer que:
- Perder urina NUNCA é normal;
- Nem quando tosse, espirra, corre ou ri à gargalhada;
- Nem quando se aproxima da casa de banho;
- Nem quando abre a torneira e ouve a água a cair;
- Nem na gravidez;
- Nem durante o sono;
- Nem com o avançar da idade;
- Nem que sejam só umas gotinhas.
Por mais comum que seja, não podemos considerar normal um problema que afeta TANTAS pessoas.
Então, como pode melhorar ou até mesmo resolver as suas perdas de urina? Em primeiro lugar agendar consulta com o seu Médico de Família, o seu Ginecologista ou com um(a) Fisioterapeuta Pélvico(a) e expor os seus sintomas.
Mudanças simples no dia-a-dia podem ter um impacto profundo na melhoria das suas queixas. Isso inclui ajustes nos hábitos urinários, defecatórios e alimentares, além da gestão da obstipação, todos contribuindo para aliviar a pressão sobre o pavimento pélvico.
Sabia que a posição em que urina pode influenciar as suas perdas de xixi?
Sabia que certos alimentos, como cafeína, alimentos ácidos, picantes, refrigerantes, entre outros, podem irritar a bexiga e agravar os seus sintomas?
A abordagem da Fisioterapia Pélvica vai além dos exercícios, integrando mudanças nos hábitos de vida para otimizar o tratamento da incontinência. Esta abordagem holística em combinação com exercícios específicos, orientações alimentares e gestão da obstipação, baseia-se em evidências recentes, destacando a eficácia da Fisioterapia Pélvica como parte integrante e abrangente do tratamento da incontinência urinária.
Além do impacto na saúde, a incontinência urinária tem também implicações financeiras significativas, relacionadas com o custo de pensos e fraldas. Sabe quanto gasta por mês neste tipo de absorventes? Já pensou quanto pode poupar ao melhorar as suas perdas de urina?
Lembre-se, perder urina NÃO é normal! Fale com o seu Médico ou com a sua Fisioterapeuta Pélvica para explorar as opções de tratamento disponíveis e melhorar a sua qualidade de vida.
Autor
Diana Angera, Fisioterapeuta, com especialização em Saúde Pélvica (OF 7961).
Referências Bibliográficas
Bø, K., Berghmans, B., Mørkved, S., & Van Kampen, M. (Eds.). (2023). Evidence-Based Physical Therapy for the Pelvic Floor: Bridging Science and Clinical Practice (3rd ed.). Elsevier Health Sciences.
Dumoulin, C., Hay-Smith, E. J., & Cacciari, L. P. (2018). Pelvic floor muscle training versus no treatment, or inactive control treatments, for urinary incontinence in women: a cochrane systematic review. https://doi: 10.1002/14651858.CD005654.pub4.
Associação Portuguesa de Urologia (2010). Urologia em Medicina Familiar: Incontinência Urinária. https://apurologia.pt/wp-content/uploads/2022/01/incontinencia.pdf
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