Insuficiência Cardíaca
Diversos estudos até hoje realizados demonstram, inequivocamente, que a Insuficiência Cardíaca (IC) representa um problema grave de Saúde Pública e que está associada a morbilidade e mortalidade elevadas.1,2,3
Nos Estados Unidos, país tipo da civilização ocidental, prevê-se que a insuficiência cardíaca, atinja uma taxa de cerca de 10%, podendo chegar aos 16-17% nas idades mais avançadas. Por todo o mundo, de um modo geral, o panorama é o mesmo e a Europa Ocidental, onde Portugal se inclui, não foge à regra.2,3,4
Torna-se então necessário que toda a população conheça os sintomas e os sinais para reconhecerem esta doença (e não só os médicos):
- Cansaço;
- Fadiga;
- Falta de ar;
- Pés e pernas “inchados”, entre outros.
O impacto económico da insuficiência Cardíaca
A insuficiência cardíaca (IC) tem um impacto económico muito elevado na sociedade, estima-se que nos países desenvolvidos os custos diretos da IC atinjam entre 3 a 5 % do orçamento total para a saúde, muito contribuindo para este número elevadíssimo os múltiplos episódios de internamentos hospitalares destes doentes e a elevada taxa de morbilidade e mortalidade, aos 5 e 10 anos após o respetivo diagnóstico.2,5,6
Outras patologias como base da insuficiência cardíaca
Na base desta doença estão de facto várias patologias, que se agrupam de variadas formas, mas que, no fundo, se traduzem por:
1. Doenças do músculo cardíaco;
2. Doença das artérias coronárias;
3. Doença das válvulas cardíacas;
4. Doenças infeciosas que podem afetar qualquer estrutura do coração, que são provocadas por microrganismos como sejam diversos tipos de vírus, bactérias e fungos;
5. As arritmias.
Para além de todas estas patologias há que levar em consideração os estilos de vida e a alimentação do dia a dia (sal, açúcar, gorduras…) e que muito contribuiu para o aparecimento e agravamento de situações como a aterosclerose, a hipertensão arterial, a diabetes, o aumento do colesterol e o stress e ainda assim lembrar:
a) a nossa civilização “fumegante” tão típica da nossa sociedade, em especial nestes últimos 80 a 100 anos, desde as fábricas “fumegantes”, passando pelos diversos tipos de veículos motorizados “fumegantes” e adicionando o tabagismo ativo e passivo “fumegante”;
b) o sedentarismo e a obesidade que aparecem como um ciclo vicioso, aos quais se juntam as más opções da dieta alimentar que esta mesma civilização ocidental acabou por trazer, como um mau e inadequado subproduto das melhores condições de vida que entretanto foram sendo criadas ao longo destes últimos tempos (50 a 60 anos); olhemos à nossa volta pois, cada vez vemos mais crianças obesas – a “fast-food” pode ser tudo menos alimentação saudável, mais crianças em casa a brincar sozinhas, sentadas (consolas, telemóvel/tablet, computador…). Longe vão os tempos em que as crianças iam para a rua jogar à bola com os amigos e corriam… e a dieta mediterrânica nestas crianças por onde andará…?!
A insuficiência cardíaca como uma das três grandes epidemias
Assim, entendendo-se a insuficiência cardíaca como uma das três grandes epidemias que se preveem para a primeira metade do século XXI, torna-se imperiosa uma mudança no estilo de vida de cada um de nós e da própria matriz civilizacional, controlando todos os fatores apontados, para que se consiga inverter a evolução prevista e para que esta epidemia, finalmente, possa vir a ser controlada.
Autor
Jorge Oliveira Santos, Médico Cardiologista (OM 15254).
Revisão da Literatura
1.www.em.com.br app 31.11.2019-Circulation AHA
2.Heart Failure in numbers:estimates for the 21st century in Portugal- Rev.Port. de Cardiologia 2018;37(2):97-104 – Cândida Fonseca, Fátima Ceia.
3.Acute Heart Failure Registry: risk assessment model in decompensated failure ; Arq.Bras.Cardiol 2016, vol.107, nº 6 – Anne Delgado, Bruno Rodrigues, Oliveira Santos.
4.Heart Failure: preventing disease and death worldwide;ESC Heart Failure, 2014; P.Ponikowski.
5.Pela melhoria do tratamento da IC em Portugal – documento de consenso; Rev.Port:Cardiol 2017; 36(1):1-8
6.Justnews.pt>notícias;março 2016.
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