As lesões musculares dos “gémeos” não são todas iguais

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Publicado em:
13 Agosto, 2024

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As lesões musculares dos “gémeos” não são todas iguais.

As lesões musculares da região posterior da perna (os chamados “gémeos”) são muito frequentes nos exercícios de potência e velocidade como salto e corrida, afetando principalmente os músculos gastrocnémios e o solear. Na reabilitação após lesão é importante considerar as suas características anatómicas e fisiológicas distintas.

O músculo solear apresenta maior volume, maior proporção de fibras lentas e maior capacidade de realizar força máxima. Os gastrocnémios são capazes de gerar força mais rapidamente, sendo essenciais nos movimentos explosivos.

A lesão do solear demora geralmente mais tempo a recuperar, tem maior risco de recorrência e a sua reabilitação é mais desafiante com critérios de progressão distintos do gastrocnémio. Adicionalmente, a lesão do músculo solear passa muitas vezes despercebida, pois os sinais e sintomas não são óbvios e frequentemente a ecografia não é capaz de identificar a lesão devendo optar-se por uma ressonância magnética na presença de suspeita clínica.

A reabilitação da lesão dos gastrocnémios é bastante “intuitiva” pois geralmente podemos usar a dor como guia nos movimentos/exercícios específicos. Por outro lado, a reabilitação da lesão do solear deve seguir critérios de tempo mais estritos, pois a dor não é um bom indicador de evolução. É por isso mais frequente haver recorrências de lesão do solear, por vezes ainda durante o período de reabilitação.

Como em qualquer lesão muscular, importa colocar carga precoce de acordo com a tolerância dos tecidos, de forma a diminuir ao máximo a perda de capacidade muscular. Não se recomenda que o atleta fique vários dias a fazer tratamentos passivos em marquesa após uma lesão muscular, embora tal ainda ocorra frequentemente. Outro erro comum na reabilitação das lesões dos gastrocnémios e solear é a introdução precoce, e em dias consecutivos, de corridas lentas. Embora pareça ser um exercício “fácil”, a corrida lenta solicita a contração repetida destes músculos em alongamento (ou seja, em contração excêntrica) com carga superior ao peso do corpo. Portanto, se em ginásio não tolerar estas cargas não se deve iniciar corrida.

O diagnóstico preciso e detalhado destas lesões é essencial para otimizar o programa de reabilitação, acelerando a recuperação e diminuindo o risco de recorrência da lesão.

Autor

Dr. Luís Lima, Médico especialista em Medicina Física e de Reabilitação e em Medicina Desportiva (OM 50288)

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