Pilates Clínico

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24 Julho, 2020

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Pilates Clínico

O método Pilates Clínico foi idealizado pelo alemão Joseph Hubertus Pilates entre 1880 e 1967 durante a Primeira Guerra Mundial. Joseph apresentava grande fraqueza muscular por causa de diversas enfermidades, o que o incentivou a estudar o aumento da força muscular através de exercícios diferentes dos conhecidos na sua época. Só nos anos 80 houve reconhecimento internacional desta técnica e na década de 90 ganhou popularidade no campo da reabilitação. 2, 8, 11, 18

Pilates Clínico é um programa de treino físico e mental que consolida o corpo e a mente como uma unidade. 19 Segundo Blum, 5 o Pilates surge como forma de condicionamento físico proporcionando bem-estar geral ao indivíduo, sendo assim capaz de proporcionar força, flexibilidade, boa postura, controlo motor, consciência e perceção corporal.

Princípios do Pilates Clínico

O método Pilates Clínico retrata um sistema de exercícios físicos que trabalham movimentos corporais com seis princípios:

  • Respiração diafragmática: é o fator principal no início do movimento, fornecendo a organização do tronco pelo recrutamento dos músculos estabilizadores profundos da coluna na sustentação pélvica e favorecendo o relaxamento dos músculos inspiratórios e cervicais. 6, 19, 21
  • Controlo: a coordenação é a integração da atividade motora de todo o corpo, para que haja movimentos suaves e em harmonia. Quanto maior o controlo, menor serão as compensações. 6, 19, 21
  • Precisão: é fundamental para a qualidade do movimento, sobretudo, no realinhamento postural e no equilíbrio dos músculos envolvidos durante o movimento. 6, 19, 21
  • Concentração: durante toda a prática dos exercícios a mente é direcionada para cada parte do corpo, com o intuito de garantir que o movimento seja desenvolvido com a maior eficácia possível. Todas as partes do corpo são importantes. A aprendizagem motora é o grande objetivo da técnica. Com a prática dos exercícios os movimentos tornam-se mais simples. 6, 19, 21
  • Centralização: denomina-se de “Power House”, ou centro de força (o reto do abdómen, oblíquo interno e externo, transverso do abdómen, eretores profundos da espinha, extensores, flexores do quadril juntamente com os músculos que compõe o períneo), o ponto focal para o controlo corporal. Este centro de força forma uma estrutura de suporte, responsável pela sustentação da coluna e órgãos internos. O fortalecimento desta musculatura proporciona a estabilização do tronco e um alinhamento biomecânico com menor gasto energético aos movimentos. 6, 19, 21
  • Fluidez: Refere-se ao tipo de movimento de forma controlada e contínua obtendo leveza, absorvendo os impactos do corpo com o solo. 6, 19, 21

Desta forma os seis princípios básicos do Pilates Clínico integram o corpo e a mente. 1 Os exercícios foram projetados para promover correção postural, força, resistência, flexibilidade e equilíbrio.

Os exercícios são adaptados às condições do paciente e o aumento da dificuldade respeita as características e habilidades individuais. 8, 14, 20

Este método envolve contrações isotónicas e principalmente isométricas com ênfase no que Joseph denominou centro de força. Este centro de força é responsável pela estabilização estática e dinâmica do corpo. Durante os exercícios a expiração é associada à contração do diafragma, do transverso abdominal, do multífido e dos músculos do assoalho pélvico. 3, 12, 20

Benefícios

Segundo Balogh, 4 o método tem efeitos positivos quando utilizado em gestantes:

  • Trabalha a musculatura abdominal e do assoalho pélvico;
  • Prevenção da diástese abdominal;  
  • Prevenção da incontinência urinária.

Benefícios na população idosa: 13

  • Melhora a força e a mobilidade, que geralmente estão alteradas devido a presença de doenças degenerativas;
  • Auxilia na manutenção da pressão arterial;
  • Influencia a calcificação óssea;
  • Melhora a dor crónica;
  • Melhora o equilíbrio prevenindo o risco de queda.

Benefícios nas crianças: 17

  • Aprimoramento do esquema corporal: integração do movimento, sensação, perceção, visão;
  • Aumenta a concentração;
  •  Melhora equilíbrio;
  • Melhora perceção,
  • Melhora o controlo corporal;
  •  Aumenta a flexibilidade.

O método também é difundido como uma forma de tratamento para alterações posturais. De acordo com Blum, 5 a aplicação do Pilates Clínico em pacientes com escoliose idiopática é uma ferramenta eficaz no combate à sua progressão e pode até mesmo melhorar as condições da mesma.

Segundo Mallery et al.,16 a maioria dos pacientes que são proibidos de participar em programas de exercício convencionais poderiam realizar os exercícios de Pilates Clínico, pois os mesmos podem ser feitos no ritmo do paciente e com progressão proporcional ao desempenho apresentado.

O Método Pilates Clínico pode ser utilizado tanto por pessoas que querem praticar exercício físico como também pelas que procuram reabilitação para uma intervenção eficaz. A maioria dos pacientes apresenta diagnósticos e distúrbios neurológicos, reumáticos, problemas ortopédicos, dores crónicas e aspetos relacionados com a saúde da mulher, visando melhorar o seu desempenho. 7, 10

Em suma, este método tem em conta seis princípios e pode ser praticado por pessoas de todas as faixas etárias, desde crianças, gestantes, idosos, com ou sem patologias.

O Pilates Clínico pode ser uma ferramenta eficaz para o Fisioterapeuta na reabilitação, apresentando vários benefícios e poucas contraindicações.

Autoras

Rosário Silva, Fisioterapeuta (OF 6978) e Sara Nata, Fisioterapeuta (OF 6969).

Revisão da Literatura

1. Anderson, B.D., Spector A. (2005). Introduction to Pilates- Based Rehabilitation. Balanced Body. 1, 8.

2. Anderson, B.D., Spector A. (2000). Introductions to pilates-based rehabilitation. Orth Phys Ther Clin. North Am. 9(3), 395-410.

3. Aparício, E., Pérez J. (2005). O autêntico método pilates: a arte do controle. Planeta do Brasil: São Paulo.

4. Balogh, A. (2005). Pilates and pregnancy. RCM Midwives. 8(5),220-2.

5. Blum, C.L. (2002). Chiropractic and Pilates therapy for the treatment of adult scoliosis. J Manipulative Physiol Ther. 25(4),1-15.

6. Calais, B. (2006). Anatomy of Breathing. Alemanha.

7. Comuello, J.F. (2011).Benefícios do Método Pilates e sua aplicação na reabilitação. Instituto Salus.

8. Craig, C. (2004). Pilates com a bola. São Paulo: Phorte. 2ª Edição.

9. Cruz-Ferreira, A., Fernandes, J., Laranjo, L., Bernardo, L.M., Silva, A. (2001). A systematic review of the effects of Pilates method of exercise in healthy people. Arch Phys Med Rehabil. 92, 2071-81.

10. Davis, C.M. (2006). Fisioterapia e reabilitação terapias complementares. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

11. Gallagher, S.P., Kryzanowska, R. (2000). O método de pilates de condicionamento físico. São Paulo.

12. Hodges, P.W., Richardson, C.A. (1997). Contraction of the abdominal muscles associated with movement of the lower limb. Phys Ther. 77(2), 986-95.

13. Kopitzke, R. (2007).  Pilates: a fitness tool that transcends the ages. Rehab Manag. 20(6), 28-31.

14. Kloubec, J. (2011).  Pilates: how does it work and who needs it? Muscles Ligaments Tendons. 1(2), 61-6.

15. Lange, C., Unnithan, V., Larkam, E., Latta, P. (2000).  Maximizing the benefits of Pilates-inspired exercise for learning functional motor skills. Journal of bodywork and Movement Therapies. 4(2), 99-108.¸

16. Mallery, L.H., MacDonald, E.A., Hubey-Kozey, C.L., Earl, M.E., Rockwood, K., MacKnight, C. (2003). The feasibility of performing resistance exercise with acutely ill hospitalized older adults. BMC Geriatric. 3(3),3.

17. Muscolino, J.E., Cipriani, S.(2004). Pilates and the “powerhouse” Part 1. J Body Mov Ther. 8, 15-24.

18.Pilates, J., Miller, W.  (1998). Return to life trough contrology. Nevada: Dynamics.

19. Pires, D., Sá, C.K.C. (2005). Pilates: notas sobre aspectos históricos, princípios, técnicas e aplicações. Revista Digital. 10, 90.

20. Rocha,S., Salgado, M., Machado, S. (2007). Pilates e a terapia manual na hérnia de disco lombar.

21. Winsor, M., Laskar, M. (2002). Pilates.  El centro de enegía: Es el método de acondicionamiento físico perfecto para fortalecer el cuerpo, aumentar la flexibilidad y adquirir la forma física que siempre has deseado, dedicándole menos de una hora diaria. Barcelona: Paidotribo: 1ª Edição.


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