Saúde Mental e Qualidade de Vida
Para falar de Psicologia e Saúde Mental, não é necessário falar apenas de diagnósticos, patologias, prevenção ou Terapias. Este começa até a ser um tipo de discurso difundido em exagero, e como tal, já com pouco impacto nos recetores.
É também o que se passa com a Psicoterapia. Digo isto porque a Psicoterapia é um terreno fértil no que diz respeito ao desenvolvimento de mitos e preconceitos. Ao longo da minha carreira, já fui confrontado com muitos deles, como por exemplo aquele que cresce à volta da ideia de que o Psicoterapeuta se limita a ficar a ouvir em silêncio durante a sessão. A esse mito confesso que já não dou muita atenção.
Assim, eu também procuro que os meus pacientes falem das suas felicidades e conquistas, porque os Psicoterapeutas não se limitam a ouvir aquilo que causa sofrimento às pessoas. Isso seria redutor e simplista, e acabaria por impossibilitar as transformações emocionais e comportamentais necessárias.
Tal como acerca dos problemas, é igualmente importante ouvir aquilo em que os pacientes se sentem realizados e competentes, porque é aí que muitas vezes revelam a sua capacidade de colocar em prática uma série de comportamentos que podem ser promotores de saúde, bem-estar e qualidade de vida.
A Saúde é muito mais do que doenças e, atualmente, o enfoque está concentrado noutra perspetiva, tendo existido a uma mudança de paradigma na abordagem do que é a Saúde, com o retorno a uma perspetiva Ecológica, centrada naquilo que é a conjugação das diferentes variáveis que podem influenciar as pessoas.
Esta mudança de enfoque abriu portas ao conceito de Bem-Estar (enquanto dimensão subjetiva da saúde), bem como ao conceito de Qualidade de Vida (enquanto dimensão que diz respeito ao impacto do estado de saúde nas atividades diárias de cada um).
Apesar disso, ainda existe uma visão da Saúde Mental tendencialmente associada à ausência de um diagnóstico Psiquiátrico ou Psicológico. Contudo, não nos podemos esquecer que a Saúde implica sempre um estado de Bem-Estar, que é sobretudo de natureza subjetiva e não depende apenas da existência de uma doença. Quero com isto dizer que de nada adianta a ausência de um diagnóstico quando mesmo assim não nos sentimos bem.
Sendo a Saúde Mental um recurso e um bem de primeira necessidade de cada indivíduo, é necessário promover o Bem-Estar e Qualidade de Vida das pessoas, de forma a que se adaptem aos obstáculos e desafios próprios de uma sociedade em rápida mudança.
Nesse sentido, os estudos demonstram que a Arte, a Natureza, o Belo e a capacidade de sonhar e ser criativo são instrumentos promotores de Saúde, acessíveis a qualquer um e que são recursos fundamentais para a promoção do Bem-estar.
Autor
Dr. Rolando Andrade, Psicólogo Clínico (CP O.P.P 4365)
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