Será que existem emoções negativas?
Coloco-me esta questão sempre que ouço as pessoas falarem acerca das emoções do ponto de vista qualitativo, dividindo-as nas categorias de positivas ou negativas, quase como se pretendessem eliminar do seu reportório emocional aquilo que lhes causa desconforto.
Assim sendo, começo desde já por dar resposta à questão inicial:
Não existem emoções positivas ou negativas.
Pelo contrário, todas as emoções são válidas e adaptativas, sendo que umas são geradoras de sensações agradáveis (e por isso confundidas com positivas) e outras que são geradoras de desconforto, e isso depende de cada pessoa e da circunstância.
Por exemplo, o medo é positivo ou negativo?
Nem uma coisa nem outra. É adaptativo quando por exemplo se tem de detetar um perigo, e é desadaptativo sempre que despoleta reações físicas exacerbadas.
No mundo emocional, não há “sempres” nem “nuncas”, nem certos ou errados.
Existem emoções e sentimentos mais ou menos duradouros e muitas vezes imprevisíveis. É por isso que o estudo da consciência humana é uma das novas fronteiras da ciência.
O que podemos fazer perante emoções geradoras de desconforto psicológico?
Fugir ou tentar esconder-se delas não é a melhor opção, porque mais tarde ou mais cedo voltam a a revelar-se. Se lá estão, é com o propósito de transmitir alguma coisa, como se fossem uma espécie de sinal de alerta.
As emoções são recursos valiosos e indispensáveis à sobrevivência.
Desde a nascença, é o aparelho emocional que torna possível experienciar todas as gamas de vivências. Por exemplo, nunca ninguém explicou a um bebé que o sorriso da mãe é um gesto afetuoso e carinhoso, mas ele no entanto sabe apreciar isso de forma intuitiva.
Em virtude da cultura, da educação e da personalidade de cada um, aprende-se a selecionar ou valorizar alguns aspetos da realidade, em detrimento de outros, fazendo para isso uso das emoções. A isso chama-se «perceção».
É a perceção individual das coisas que determina aquilo que se valoriza ou desvaloriza.
É a isto que as pessoas costumam chamar “a sua forma de ver o mundo”, que não é positiva nem negativa.
O que pode é ser adaptativa ou não.
Autor
Dr. Rolando Andrade, Psicólogo Clínico (CP O.P.P 4365)
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